Manuel Antunes, 66 anos, é diabético e já se habituou à toma diária de medicamentos, acrescidos de outros em alturas de crise. (…). De tempos a tempos, este doente crónico tem necessidade de consultar o folheto informativo (bula) dos medicamentos (…). Mas esta é uma tarefa difícil, já que "as letras são muito pequenas", disse. "Há 15 anos, quando me foi diagnosticada a diabetes, conseguia ler bem a bula mas agora é praticamente impossível".
Farto de pedir à mulher ou aos vizinhos para que estes lhe lessem a bula, decidiu recorrer a uma lupa. (...) Foi a própria dona da loja que lhe recomendou o modelo mais adequado, habituada a pedidos semelhantes por parte dos mais idosos.
Com a lupa (...) Manuel Antunes já se sente mais seguro e só lamenta que, agora que consegue ler as letras, nem sempre entenda o que querem dizer. "É uma linguagem um pouco técnica demais", lamentou.
Esta foi, aliás, uma das deficiências detectadas num estudo da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) que concluiu que a linguagem utilizada pelos laboratórios nas bulas de medicamentos é "confusa, difícil de ler e desactualizada". (…) A informação é muita e poucos os que a entendem (…)
(…) De acordo com as normas em vigor, determinadas pela Comissão Europeia, as informações das bulas devem ser impressas em caracteres com oito pontos Didot (2,96 milímetros) e com um espaço entre linhas de pelo menos três milímetros.
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